
A maldição do Casarão
Era uma vez um belo prédio de estilo neo-clássico localizado na Cidade Baixa.
Alugado pela Urgs para acomodar a gráfica e alguns outros projetos acabou servindo a diversas entidades ambientalistas que na época orbitavam em torno do DAIB e após muita reivindicação migraram para lá.
Lá nasceram e terminaram diversas entidades. No "auge" da ocupação era possível, numa noite de quarta-feira qualquer, participar de uma reunião, de uma roda e capoeira ou mesmo repicar umas mudas, pois lá também era um viveiro de nativas.
Pelo menos três entidades com alguma história ocuparam espaço por lá. A Agapan (Poa) tinha sala cativa, a Clepei(Itapuã) a salinha e a Anama (Maquiné) e o Ingá também se reuniam por lá.
De lá saíram desde bandas de forró universitário (O Zé Arão, pra quem não lembra), manifestos contra construção de barragens a feira de produtos ecológicos. A "Cesta" talvez tenha sido o último movimento do Casarão, antes do seu fechamento, das constantes ameaças de despejo e as clássicas batidas da guarda da urgs.
O Casarão, conhecido pela imponência de sua fachada e as intermináveis divisões internas teve seu auge na mídia na coluna do Barrionuevo, naquela época no ZH. Após a eleição de Olívio, Barrionuevo noticiou o que chamou de "tempestade do casarão", onde relatava a maior concentração de ambientalistas por metro quadrado que porto alegre já viu, reunidos na sala grande. Naquele dia o futuro Secretário de Meio Ambiente, Claudio Langone, pedia a benção aos ambientalistas para a criação da Sema e sua indicação ao Secretariado. A partir daí as coisas mudaram e ...o movimento ambientalista, coopetado pela ilusão de participação direta, acabou se desmanchando (claro que alguns sobreviveram, ainda bem...).
Depois do despejo, além das inúmeras memórias sobrou o logo da Clepei pintado no muro. Impossível não sentir um pequeno aperto, cada vez que se passava ao lado do viaduto, ao ver o casarão com uma luz acessa e um bando de cachorros no térreo.
Assim ele ficou por mais ou menos uns três anos, até que há poucos meses, algum investidor resolveu olhar com outros olhos as dezenas de metros quadrados distribuídos numa área cada vez mais valorizada da cidade.
O segundo choque foi ver as janelas e portas arrancadas...era isso, agora ele ía de vez...mas as pinturas na parede ficariam com certeza.
Engraçados os comentários que ouvi, na rádio e na rua...era uma antiga casa de estudantes ou seria um local de encontro do MST...
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